Apesar de ainda ser tabu para muitas pessoas, as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) estão presentes cada vez mais sociedade moderna. Entre as DSTs que retornaram está a sífilis que, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, entre 2010 e 2015 houve um aumento de mais de 5.000% (65.878 casos). Em 2010, foram notificados 1.249 casos de sífilis adquirida, a que se pega através da relação sexual sem camisinha.
A sífilis é uma doença originada na Idade Média causada pela bactéria Treponema Pallidum. Segundo o ginecologista e obstetra, Domingos Mantelli, a doença pode ser transmitida por diversas formas: sexualmente, de mãe para filho, por transfusão de sangue ou por contato direto com o sangue contaminado. “Surge como uma pequena ferida nos órgãos sexuais e com ínguas nas virilhas. As feridas são indolores e não apresentam pus. Após um certo tempo, a ferida desaparece sem deixar cicatriz, dando à pessoa a falsa impressão de estar curada. Se não tratada precocemente, pode comprometer olhos, pele, ossos, coração, cérebro e sistema nervoso”, alerta o médico.
De acordo com Mantelli, existem três estágios da doença: na primeira fase, os sintomas ficam mais evidentes e há maior risco de transmissão; no segundo estágio, a bactéria fica latente no organismo e no terceiro, a doença volta mais agressiva, causando cegueira, paralisia, doenças cardíacas, transtornos mentais e pode levar à morte. “A sífilis pode causar um comprometimento muito sério no sistema nervoso, na audição e nos olhos. É importante lembrar que não existe uma vacina. A única forma de prevenir a sífilis é através do sexo seguro com camisinha uma vez que a transmissão se dá por relação sexual vaginal, oral e anal sem o uso de preservativos, além de transfusão de sangue”, acrescenta Mantelli.
O ginecologista adverte para o cuidado com o aumento da sífilis gestacional da mãe infectada para o bebê durante a gestação ou parto. “É necessário que, no início da gravidez, a paciente procure um obstetra para realizar o pré-natal e fazer todos os exames possíveis para diagnosticar qualquer doença. O tratamento da sífilis é feito com antibióticos. O diagnóstico é feito por exames clínicos e laboratoriais, durante o pré-natal até o nascimento do bebê”, sinaliza o médico. Além disso, o Dr. Francisco alerta para o aumento da sífilis congênita, sífilis gestacional e sífilis adquirida em todas as regiões do Brasil, e destaca o desconhecimento sobre a doença - não só em relação ao risco, como em relação às consequências da infecção: “Há comprometimentos muito sérios do sistema nervoso central, com doença neurológica, com quadros de demência, manifestações auditivas, oculares, com manifestações cardíacas e ósseas.
Nos bebês, os sintomas são diversos, o pior é quando atinge o sistema nervoso central. O bebê pode apresentar microcefalia. “Não só o vírus da zika é responsável pela microcefalia. A sífilis congênita também causa convulsões, malformações múltiplas, deformidades ósseas, lesões de pele e renais. Para os bebês, a sífilis congênita chega a ser fatal”, destaca a Dra Luciane.
Grávidas com sífilis podem sofrer aborto espontâneo no primeiro trimestre da gestação ou terem bebês prematuros, que terão muitas dificuldades para sobreviver. Com o tratamento adequado, a grávida pode ter 100% de chance de o feto não ser afetado pela sífilis. No Brasil, a notificação da sífilis em gestantes é obrigatória desde 2005. No ano seguinte, dados do Ministério da Saúde informam que foram registrados 3.508 casos.
Em 2015, menos de 10 anos depois, os números chegaram a 33.381 - um salto de quase 900%. No mesmo período, o número de bebês infectados que morreram de sífilis pulou de 67 casos em 2006 para 221 em 2015. E esses números podem ser ainda mais expressivos, porque num país de dimensões continentais a subnotificação é uma triste realidade.
Fonte: Globonews